20 dezembro 2008

Presídio Central de Porto Alegre

Foi triste. Muito fiz pra conhecer o Presídio Central de Porto Alegre. Foram muitas conversas antes de entrar, uma semana lá dentro e não consigo definí-lo. Os brigadianos que trabalham por lá e também cumprem pena por exigência da profissão o definem como: "que lugar". Parece não querer dizer nada, mas diz tudo. Falam que as vezes o que lugar vem adjetivado, como "que lugar de merda", "que lugar miserável", e outros muitos lugares. Mas talvez como o inferno é que ele se pareça mais.

O Central é considerado o pior presídio do Brasil. Sucateado, superlotado, um retrato do descaso na segurança pública de anos e anos de governo. Há tempos ele grita, berra, faz bateção. Há tempos os muros calam e as grades parecem não deixar que lhe ouçam. Fotografá-lo foi uma dura tarefa para tentar mostrar a situação que vivem quase 5.000 homens aglutinados num espaço onde só caberiam 1.500.

Mais do que isso, foi uma tentativa de mostrar que quem sofre não é só o preso. Mas sofre a família do preso, sofre quem guarda o preso, sofre a família de quem guarda o preso, sofremos nós que aparentemente nada temos a ver com isso. É quase impossível acreditar que alguém possa sair regenerado de lá. E aí, o reflexo disso tudo acaba nos ofuscando.

Muitas celas sem grades, outras tantas depredadas, esgoto a céu aberto, ratos e outros animais, odor. Impossível descrever, ainda mais para mim. Por isso, a partir de agora, só os retratos que consegui fazer por lá, não pensei em nenhuma ordem, vou postando.

No final tem uma matéria do TELEDomingo sobre a reportagem, era isso...












Um comentário:

Aline C. disse...

Fotos chocantes! Ainda quero falar contigo sobre esta experiência que deve ter te transformado de alguma forma.
Certa vez, fiquei 12h dentro do presídio de Lajeado (para uma matéria) e já saí de lá impressionada.
Parabéns pelo texto no blog e pelas imagens :)
Bju