No jornal há - quase sempre - a preocupação de se esquematizar as grandes coberturas, sejam elas diárias, eventuais ou as programadas. É um plano com algumas medidas para minimizar os erros. Normalmente algumas coberturas desse tipo pedem, e o jornal ouve, um número maior de profissionais envolvidos. E cada um recebe uma pequena parcela de tarefas para que o todo esteja coberto. Vai ser assim no próximo Gre-Nal e foi assim na visita do Lula.
Nesta vez o presidente esteve em Porto Alegre por causa da 10ª edição do Fórum Social Mundial que está acontecendo na cidade. No dia anterior, no jornal, os envolvidos da cobertura já estavam avisados de quais eram as funções de cada um. A mim coube cobrir o pouso do avião presidencial e transmitir as fotos desse pouso para atualização imediata do online do jornal. Tudo correu bem, antes do retorno do avião na cabeceira da pista do Salgado Filho, o jornal já tinha fotos do avião sobre a estátua do Laçador.
Depois disso tinha que me dirigir ao Ginásio Gigantinho, onde o presidente iria falar e esperar sua saída para então acompanhá-lo até o aeroporto e torcer para que tudo corresse bem e eu pudesse ir para casa. Na verdade, casa não. Tinha um joguinho de futebol às 23h.
No Gigantinho não precisava fazer nada, salvo qualquer desordem ou tumulto que ocorresse. Como tava tudo calmo tentei fotografar o Lula. Tentei, só consegui do lado de fora do ginásio. E eu estava devidamente credenciado. Coberturas maiores ou eventos com maior importância, além de um número elevado de profissionais da imprensa envolvidos, o número de seguranças também é grandioso. E como eles são difíceis. Quando se trata da segurança da presidência então. Não sei de nenhum caso onde o trabalho do fotógrafo atrapalhou o trabalho deles, mas ao contrário. Eles dificultam muito e é impossível não ceder ao "não pode" ou o "aqui não é permitido que o senhor fique". Haja paciência! Ontem não foi diferente.
Um dia talvez entenda esse zelo todo, hoje ainda não consigo. O bom disso é que a raiva que eles geram acaba nos deixando - nós os fotógrafos cedentes - mais atentos. E, às vezes, até agorentos. Torcendo para que algo aconteça e que possamos, mesmo espremidos em bretes ou longe de nossas vítimas do mau olhado, ter uma boa foto disso. Com a Yeda isso já aconteceu - as fotos - porque eu não a agorei naquele momento. Com o Lula não deu. Mas o impedimento, ou parte dele, causado pelos seguranças, serve para que as boas fotos aconteçam e não a perdemos. No fundo até acho que isso é bom. Os seguranças dificultosos ajudam com as boas fotos. Salve os seguranças. Ih, já to cedendo novamente a eles. Não, eles podiam facilitar um pouco.
Enfim, o Lula teve aí, e eu vi dessa vez o presidente de longe. Mas bem de longe. Em coberturas dessas todas as tarefas são importantes (eu tava pensando que a minha presença no aeroporto era fundamental. Caso o avião explodisse, eu teria, sem dúvida, o melhor material), mas é também um bom exercício para controle de frustações. Aliás, esse ano já tá bom desse tipo de autocontrole. O Haiti ruiu e eu não fui porque o avião passava pelos EUA e eu sem visto não pude ir. Enfim, sigamos. Ontem o Lula se foi no horário e eu ainda consegui bater uma bolinha.
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