25 junho 2010

Tragédia em Alagoas

Desembarquei na segunda em Maceió, no Estado do Alagoas, para fotografar uma cidade próxima a capital alagoana, aproximadamente há uns 80 quilômetros da capital, que havia sido atingida por uma grande enchente, fruto dos temporais das últimas semanas que atingiram a região.

Na segunda meu vôo atrasou um pouco e cheguei no meio da tarde, adiei a ida até a cidade que registrava até então, o maior número de vítimas fatais, chamada União dos Palmares, e para não perder o dia já que lá escurece um pouco mais cedo, fotografei uma cidadezinha, também do interior do Estado, mas um pouco mais próxima da Capital Maceió, também atingida pela cheia do rio Mundaú, que passa pela zona da mata.

No caminho para esta cidade já vi pessoas secando roupas na beira da estrada e recebendo água potável que levavam em garrafas pets. Em Branquinha o cenário foi assustador. O que eu esperava ver não era nem perto do que tinha acontecido ali. As casas ribeirinhas, costeadas as margens do rio desapareceram, o Centro da Cidade desapareceu. A cidade era pequena e simplesmente todas as instiuições públicas foram afetadas. Fotografei por um pouco mais de uma hora, tempo suficiente para ver o tamanho da tragédia e fui atrás de sinal para transmissão das fotos e energia para o laptop. Já que ali não tinha luz nem sinal nos celulares.

Na terça-feira de manhã bem cedo fui direto para União dos Palmares e ali a situação era bem pior. Uma mistura de tsunami e terremoto parecia ter sido a causa da tragédia. Quase tudo ruiu e o que não desabou ficou imerso em lama. Um cenário desolador. Pessoas caminhavam por todo lado, cavavam na lama e remexiam nos escombros atrás do que poderia ter sobrado dos seus pertences e que não havia sido levado pelo rio. Alguns procuravam parentes e amigos que estavam desaparecidos. Outros contavam como conseguiram sobreviver a tamanha tragédia.

Como foi o caso do boiadeiro de 45 anos, Cícero Mariano da Silva, que adiou a saída da casa quando o rio começou a subir. Ele havia ficado em casa junto com o cunhado para evitar que o que tinha fosse roubado. Quando viu que não tinha mais jeito e a água repentinamente subia correu para cima do telhado. Ficou ali até a casa desabar. Pulou para o vizinho, fez isso até faltarem telhados. Se atirou na água e nadando como podia chegou até um coqueiro. Se abraçou no pé de côco e ali ficou até o outro dia. Mais de dez horas, a noite inteira até o resgate dos bombeiros para salvar sua vida.

A região, Pernambuco também sofre com as chuvas e cheias, já somam mais de 40 mortos. Muitas pessoas ainda estão desaparecidas e outras tantas desabrigadas e desalojadas. O cenário em Alagoas é devastador e a tristeza das pessoas é perturbadora.



Um comentário:

Roberto disse...

Sem palavras. Que fotos. E um bom texto.